11 outubro, 2007

Surgimento e importância da sociologia em diferentes disciplinas

 

SURGIMENTO E IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA EM DIFERENTES DISCIPLINAS


Elias Canuto Brandão
Doutor em Sociologia. Docente no Colegiado de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR – Campus Paranavaí)
E-mail: eliasbrandao.unespar@gmail.com.br ou canutobrandao@hotmail.com

Introdução

Diariamente estamos envolvidos social e politicamente com nossos pares e concorrentes em pequenos ou grandes grupos, interagindo-nos socialmente e disputando espaços político, cultural e econômico na sociedade.
Como a interação social não escolhe dia, local, universidade, formação, curso, disciplina ou grupo social, ocorrendo na família, clube, universidade, trabalho, ônibus e sala de aula, é indicativo que nos aprofundemos no estudo da ciência sociologia, visando compreendermos o todo da sociedade e suas formas de organização e disputas pelo controle dos espaços e dos poderes.
Desta forma, a sociologia tem por objeto estudar as interações e relações sociais em e nos grupos e tudo que neles ocorrem e decorrem socialmente (maneiras de pensar, sentir e agir), formas de controle e de disputas, o que direta e indiretamente influencia no comportamento e na estrutura social do grupo, da sociedade e dos poderes.
Independente dos cursos de graduação (administração, contabilidade, economia, enfermagem, educação física, direito, pedagogia, matemática, letras...), não há justificativas que sustentem questionamentos sobre a não importância do estudo da sociologia, considerando que, primeiro, vivemos em sociedade e em grupo social, interagindo-nos uns com os outros, o que por si, justifica o estudo da sociologia. Não nascemos isolados e vivemos em comunidade. Ao adentrarmos o mundo do trabalho, temos que nos adaptar a uma realidade nova e trabalharmos em equipe, onde as disputas podem ser acirradas, honestas e desonestas. Enfim, a sociologia na formação do estudante ou pesquisador acadêmico objetiva possibilitar que o mesmo tenha um conhecimento sustentável sobre a sociedade que ele está inserido, contribuindo com os mais diferentes debates sociais e políticos por meio da pesquisa bibliográfica e de campo. Destacamos que, independente do curso de cada acadêmico, em princípio todos são pesquisadores.
Social e profissionalmente estamos em contato com pessoas na empresa, sala de aula ou em um consultório. Sempre estamos nos socializando, interagindo com pessoas, influenciando ou sendo influenciado por elas e ou pelo grupo social do qual fazemos parte: clube, igreja, associação, universidade, sindicato...

Antes do surgimento do termo sociologia

Na antiguidade ou no presente, nenhum tipo de animal viveu só. Os agrupamentos sociais marcaram e marcam o convívio social, seja por questões de convívio e instinto, seja por questões de defesa pessoal e do grupo. Assim surgiram os governos no Egito, Mesopotâmia, Roma ou Brasil, no Oriente e no Ocidente. O marcante é a vivência grupal, socializando-se. Destacamos que os animais racionais (os homens) avançaram neste processo e desenvolveram habilidades que outros animais (os irracionais) não desenvolveram e continuaram a viver como se na pré-história.
A evolução do animal racional foi tamanha que na contemporaneidade tem sido capaz de sua autodestruição por meio do desenvolvimento da ciência e da tecnologia contra si e seus pares, por meio de bombas como atômica e das guerras. Por outro lado, esta evolução foi resultado do desenvolvimento da escrita e da fala na antiguidade, contribuindo para o surgimento de várias áreas das ciências e da comunicação dos componentes dos grupos.
Destaque-se que a comunicação – por meio da fala – entre os animais racionais ocorre há séculos – milhares, milhões ou bilhões de anos – e, mesmo que a fala não tivesse existido, estariam os animais, talvez irracionais, vivendo em grupo, pois a vida em grupo faz parte dos animais, independente de sua categoria por espécie. Diferente da fala praticada entre os animais racionais, a escrita não passava de rabiscos ou desenhos soltos que se evoluiu aos poucos, por séculos. A fala tem sido reconhecida como a primeira grande revolução da história? Sem a Revolução “Fala”, os animais racionais (categorizados como seres humanos) teriam tido dificuldades de comunicação entre eles e entre outros diferentes grupos sociais.
Por que não reconhecer também que a segunda grande revolução da história foi o desenvolvimento da escrita e de sua interpretação, a leitura? A Revolução da Escrita e da Leitura também foi resultado de um processo histórico lento e gradual, que perpassou milhares ou milhões de anos e que só foi datado pelos historiadores e cientistas há aproximadamente cinco mil anos a.C.
A Revolução da Escrita e Leitura foi resultado de brincadeiras, erros e acertos na interpretação de sinais e rabiscos entre crianças, jovens e adultos, homens e mulheres da antiguidade.
As revoluções da fala, escrita e leitura não significaram o início da vida em sociedade, mas o aperfeiçoamento e desenvolvimento da vida em sociedade, resultando na organização das cidades-estados e no aperfeiçoamento das técnicas e da ciência que continua em desenvolvimento.
Por que não reconhecer que as revoluções da fala e da escrita possibilitaram a revolução do conhecimento e que foram mais importantes que as revoluções Francesa e a Industrial? Foram elas, enquanto revoluções ainda na antiguidade que possibilitaram os diferentes grupos sociais antigos a se comunicarem e a desenvolver rápidas habilidades e criatividades a partir de 5.000 a.C., resultando no desenvolvimento da ciência e tecnologia contemporânea, assim como na concretização de centenas de guerras civis e militares, com armas bélicas e atômicas, locais, regionais e mundiais.
Sem a Revolução da Escrita talvez não soubéssemos das experiências políticas dos impérios do Egito, Mesopotâmia, Grécia e Roma. Não soubéssemos das formas de organização das religiões e culturas antigas e medievais. Não tivéssemos tido o mundo feudal e o Renascimento das idéias, nem vivenciado a ambição de Hitler em dominar o mundo através da Alemanha e não estaríamos presenciando o Império Americano intervindo político e militarmente em todos os espaços da terra, apesar da ascensão economia da China e da organização dos grupos das intituladas potências dos oito países mais ricos da terra ou vinte países com potencial visibilidade econômica, assim como blocos econômicos organizados nas diferentes partes dos continentes como a UNIÃO EUROPÉIA; NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio); MERCOSUL (Mercado Comum do Sul); PACTO ANDINO; APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico); ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático); SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral); MCCA (Mercado Comum Centro-Americano) ou Aliança do Pacífico (bloco econômico latino-americano).
Sem a Revolução da Escrita, o que seria da documentação histórica sobre a divisão da terra em mundo ocidental e oriental, norte e sul, países pobres e ricos economicamente, primeiro, segundo e terceiro mundo, globalização e internacionalização, liberalismo e neoliberalismo, positivismo ou marxismo, sistema capitalista, socialista ou comunista?
Sem as primeiras revoluções, poderíamos estar no mundo antigo, sem ciência e tecnologia, talvez andando eretos. E o que teria sido do controle ideológico da Igreja medieval, da existência das cruzadas para o Oriente, da inquisição sobre os pensadores e da usura, das grandes navegações e invasões de continentes por portugueses, espanhóis, holandeses e ingleses, na América ou na África?
Sem a Revolução da Escrita, o desenvolvimento tal qual vivenciamos poderia ser totalmente diferente e nem diria atrasado, mas noutra dimensão aos olhos da formação ideológica ocidental. Estaríamos ainda nos comunicando primitivamente? Quem sabe. Possivelmente sem preocupação com o acúmulo de capital, bens e poder. Também talvez não tivéssemos tido desmatamento em todos os continentes e os nativos (intitulados de índios pelos invasores portugueses) não teriam sido dizimados no Brasil, assim como os negros não teriam sido capturados na África e escravizados no Brasil. Talvez não tivéssemos energia elétrica, revolução industrial ou francesa, aviões e chegada do homem à lua, primeira e segunda guerra mundial, nem mesmo a guerra nas estrelas e a água não seria potável e sim, natural.
Considerando que o homem vive em sociedade, ao se desenvolver potencializa-se para avanços e autodestruição. Assim é a história das sociedades. Os homens vivenciaram experiências antigas e medievais, orientais e ocidentais e, o renascimento das idéias de pensadores como Maquiavel, Tomás Morus, Tomaso Campanella, Francis Bacon, Tomas Hobbes, entre outros no mundo ocidental contribuíram com o aniquilamento do sistema feudal – as monarquias –, adubando o avanço do sistema capitalista que se concretizou pela Revolução Francesa e Industrial. Devido a rapidez das invenções tecnológicas e a globalização, o futuro das sociedades é uma incógnita.


Renascimento

Diferente da Idade Antiga e Média, neste período surgem autores mais realistas sobre os fenômenos sociais, contribuindo com mudanças que só foram sentidas séculos mais tarde. Entre os autores, destacamos Maquiavel, Tomás Morus, Tomaso Campanella, Francis Bacon e Tomas Hobbes.
·         Nicolau Maquiavel (1469-1527), historiador e poeta, na obra "O príncipe" – um dos livros políticos mais completos –, contribuiu na construção do conceito de Estado atual.  O livro sugere, entre outras, a famosa expressão os fins justificam os meios, defendendo a centralização do poder político e não propriamente o absolutismo;
·         Tomás Morus (1478-1535), diplomata, escritor e advogado, escreveu entre outras, a obra "Utopia". Embora utopia signifique lugar nenhum, para Morus é uma concepção teórica de um estado perfeito, de plenas liberdades, sobretudo religiosa, em contraposição à sociedade inglesa com problemas estruturais e conjunturais;
·         Tomaso Campanella (1568-1639) filósofo, poeta e teólogo dominicano, escreveu várias obras, entre elas destaca-se a "Cidade do sol" – no mesmo plano de Utopia. Cidade ideal, perfeita;
·         Francis Bacon (1561-1626), político e filósofo, escreveu a obra "Nova Atlântida", que trata de uma experiência em uma ilha por veleiros que iam para China e Japão e que corriam risco no mar, mostra a natureza como uma forma de viver frente o avanço industrial;
·         Tomás Hobbes (1588-1679), matemático, teórico político e filósofo, em a obra "O Leviatã", coloca sua visão de natureza humana, dizendo da necessidade de se ter governos e sociedades.
Os renascentistas, descordando do modelo de sociedade que vivenciavam, propunham e visualizavam uma sociedade sem problemas e utópica, semelhante ao que contemporaneamente defendemos como democrática e democrática participativa. Séculos à frente não estaremos sendo analisados como utópicos?


No Século XVIII

Novos pensadores analisam a sociedade de forma mais realista, sem, no entanto, apresentarem a necessidade de uma ciência específica que analisasse a sociedade da época. Entre os pensadores, destacamos:
Giambattista Vico (1668-1744), com "A nova ciência" defende a teoria de que “a sociedade se subordina a leis definidas, que podem ser descobertas pelo estudo e pela observação objetiva”. Diz: “O mundo social é obra do homem”.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), afirma entre outras teorias em "O contrato social" que “[...] o homem nasce puro e a sociedade é que o corrompe”.

Século XIX e os precursores e clássicos da sociologia

Com o avanço da organização da burguesia e do capitalismo que dividia a sociedade entre classes sociais distintas (proprietários dos meios de produção e proletários), surgem pensadores como Henri de Saint-Simon, Joseph Proudhon e Auguste Comte que questionam a sociedade da época, tornando-se os precursores da sociologia.
Auguste Comte, por exemplo. É considerado o pai do termo sociologia por ter usado, em 1839, no Curso de Filosofia Positiva, a palavra sociologia. Naquele momento, diante dos problemas sociais, a sociologia – enquanto possível ciência – surge como resposta acadêmica aos desafios postos e aparentemente difíceis de serem explicados e resolvidos.
Também são considerados precursores Herbert Spencer e Gabriel Tarde. Destacamos, no entanto, como clássicos da sociologia, os pensadores Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Sobre estes três vale um estudo e pesquisa sobre cada um deles. Apenas adiantamos que:
  • Émile Durkheim (1858-1917) foi filósofo. Divulgou a sociologia enquanto ciência e realizou estudos dos fatos sociais: modo de vestir, língua, religião, sistema monetário, leis.
  • Max Weber (1864-1920) foi intelectual, jurista e economista. Investiu nos estudos para compreender as ações sociais na sociedade.
  • Karl Marx (1818-1883) é considerado um intelectual e revolucionário alemão. Na prática foi um teórico social, investigando e descrevendo sobre as questões sociais, políticas e econômicas observadas durante a formação do sistema capitalista.
Com os precursores e os clássicos, as investigações dos fenômenos sociais ganharam caráter científico e a sociologia, enquanto ciência avançou nas investigações para compreender como a sociedade se organiza e como seus componentes se relacionam e interagem.
Diante do exposto, não há como negar a importância do estudo da sociologia, conhecendo como de fato surgiu e enquanto academia o que pode ser analisado, questionado e discutido seja nas áreas de humanas, biológicas, saúde ou exatas.


A sociologia na formação continuada e na academia

A sociologia contribui com a formação de qualquer ser humano, seja cidadão ou camponês, professor ou pesquisador, possibilitando terem um conhecimento sustentável sobre a sociedade que ele está inserido, contribuindo com os mais diferentes debates sociais e políticos. No caso da academia, por meio da pesquisa bibliográfica e de campo, das discussões e análises, com técnicas e metodologias, possibilitando que o acadêmico, independente da graduação – em princípio – sejam pesquisadores ou pesquisador em potencial, podendo ser cientista.
Entre as ciências, a sociologia perpassa todas as graduações por estudar as relações e as interações sociais, independente da função e responsabilidade das pessoas no grupo e na sociedade.
Estudar a sociologia contribui para compreender a organização e interação da sociedade, assim como as regras por ela impostas e a interligação das pessoas em grupos, associações, movimentos sociais e instituições, de uma rua até as comunidades organizadas mais distantes, inclusive em e entre diferentes países – a globalização e, isto, independe do curso, da ideologia, do grupo social que a pessoa esteja inserida.
Diante do exposto, uma pergunta direta: Como surgiu a sociologia? Surge no séc. XIX visando compreender o que estava acontecendo na sociedade da época: revolução industrial, revoltas dos trabalhadores, mulheres, homens e crianças trabalhando muitas vezes alem das forças físicas, apresentando problemas de saúde...
Desta forma, a sociologia faz parte do conjunto das Ciências Sociais e é ela uma Ciência Social. Por que é uma Ciência? Por ser um “conjunto de conhecimentos obtidos através da investigação sistemática, objetiva e empírica” (MEGALE, 1989, p. 41) e, “para se chegar ao status de ciência, o conhecimento deve passar por etapas entre as quais a verificação ou confirmação dos resultados” (p. 42) do que se pesquisa. Para tal, devemos formular o conhecimento do objeto a ser pesquisado. Para a formulação é necessário pesquisas bibliográficas, de campo e leituras a respeito do objeto que almejamos pesquisar. Para Megale, a formulação significa,
[...] vários conhecimentos vinculados entre si, formando uma teoria que constantemente está sendo posta à prova. Segundo, esta teoria ou conjunto de conhecimentos foi gerado por investigação (estudo, pesquisa, busca de dados) sistemática, ou seja, criteriosa, metódica, dentro da lógica ou coerência. Terceiro, a investigação é objetiva, isto é, visa à verdade, retrata fielmente o objeto ou fenômeno estudado, sem opiniões pessoas dos pesquisadores e interferir nos resultados. Quarto, investigação empírica indica que o conhecimento é fruto de experiência, de tentativas de repetir o fenômeno, para se assegurar, com certeza, de seus resultados (Ibdem).

Até enquanto as Ciências Sociais faziam parte de uma única ciência, ou seja, não havia sido dividida entre sociologia, economia, antropologia, política, entre outras, nela se pesquisava e estudava “o comportamento social humano em suas várias formas e organização” (OLIVEIRA, 1997, p. 7). Atualmente, além das que citamos, outras fazem parte das especificidades como a sociologia jurídica, da enfermagem, do esporte, da educação, rural... Alguns pesquisadores ainda colocam a história e a geografia nesta divisão, cada uma delas com uma função específica.
Verifiquemos o objeto de estudo de algumas ciências sociais.
A sociologia é a ciência que estuda as relações e as interações sociais, formas de associação, comportamento e vida social no grupo, estruturas e vida social, a cooperação, competição e conflito na sociedade e ou grupo social. A sociologia é o estudo dos grupos sociais e tudo que nele decorre em função da interação e relações sociais, sobretudo da abordagem dada pelo pesquisador direcionada às sociedades moderna e contemporânea. É como descreveu Cristina Costa (1997, p. 11), “a sociologia é uma ciência que se define não por seu objeto de estudo, mas por sua abordagem, isto é, pela forma como pesquisa, analisa e interpreta os fenômenos sociais”. Quando o estudo estiver voltado às sociedades primitivas, a ciência que dela se preocupa e a Etnologia que, por sinal, é muito próximo da sociologia.
Entre outras conjecturas, sociologia “é o estudo das regras sociais e dos processos que ligam as pessoas em associações, grupo e instituições”, assim como é o estudo dos “fenômenos que ocorrem quando vários indivíduos se encontram em grupos de tamanhos diversos, e interagem no interior desses grupos”. O interesse da sociologia abrange desde o comportamento das pessoas em grupo, enquanto seres sociais em “uma rua até o processo global de socialização (globalização)” (WIKIPEDIA, 2007).
A sociologia é resultado dos acontecimentos sociais e econômicos do mundo moderno: Revolução Industrial e Francesa no século XVIII, problemas de saúde e moradia, revolta dos trabalhadores, confrontos entre trabalhadores e burguesia, exploração dos trabalhadores na Inglaterra, França e Alemanha nos séculos XVIII e XIX, incluso o trabalho de mulheres e crianças em até 20 horas por dia. Marx descreve uma situação observada no início de 1866 que traduz o que ocorria no início da formação do sistema capitalista e que levou ao surgimento da sociologia. Diz ele que,
Durante os últimos 5-6 anos ele [o trabalho] foi sendo aumentado para 14, 18 e 20 horas e quando a afluência de viajantes é particularmente intensa, como no período dos trens de excursões, estendia-se muitas vezes a 40 ou 50 horas sem interrupção. (MARX, 1988, p. 194).

A antropologia objetiva estudar a evolução humana e cultural: tudo o que o homem inventa e usa. Objetos materiais, valores, crenças, símbolos, costumes, comportamento..., ou seja, “pesquisa as semelhanças e as diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos” (OLIVEIRA, 2002, p. 10), como se originou e evoluiu a cultura, da antiguidade à contemporaneidade: religiões, magia, casamento... Assim como as influências dos grupos étnicos em uma sociedade. A diferença entre a Sociologia e Antropologia está nos problemas teóricos investigados e nos métodos de pesquisa utilizados por sociólogos e antropólogos do que com os objetos de estudo em si, pois ambas estudam a vida social em grupo com métodos diferenciados.
A economia ou sociologia econômica estuda a organização de grupos humanos e as relações econômicas voltadas às atividades para a satisfação de necessidades materiais: “produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços” de mercadorias e troca (OLIVEIRA, 2002, p. 10). Para Lakatos, um exemplo do estudo desta ciência são as “conseqüências sociais das greves ou a influência das mesmas na deterioração da moeda”, assim como a “alteração da organização das empresas industriais no sentido da participação dos trabalhadores nos lucros da empresa” (LAKATOS, 1982, p. 28). Para Karl Marx, as pesquisas econômicas geralmente são influenciadas por teorias sociológicas.
A psicologia social estuda o comportamento dos indivíduos na sociedade, assim como as influências dos contatos e valores da sociedade sobre sua personalidade, resultando nas reações coletivas, na interação mútua e recíproca e nas alterações das condutas dos indivíduos do grupo e da sociedade em questão, moldando-os culturalmente sobre determinados temas ou assuntos sociais, políticos, econômicos ou culturais como natalidade, questão racial (LAKATOS, 1982, p. 24), orientação sexual no grupo/sociedade... Ou seja, a preocupação da psicologia é com o indivíduo em si e não com o grupo que ele está inserido. Acrescentemos que a psicologia social “se preocupa também com as motivações exteriores que levam o indivíduo a agir de uma forma ou de outra”, enquanto que “o enfoque da Sociologia é na ação dos grupos, na ação geral” (WIKIPEDIA, 2007).
Não é diferente com a sociologia da enfermagem, sociologia jurídica, do esporte, rural, urbana, industrial e outras.
De forma ampla, as Ciências Sociais visam pesquisar o comportamento social humano e suas várias formas de organização e, para isto subdivide-se em especialidades visando a investigação científica (trabalho, escola, lazer, cultura...). No nosso caso, interessa-nos o estudo da sociologia e, para cada curso, sua especificidade. O professor que for trabalhar na Educação direcionará a sociologia à Educação; se na economia, a intitulará sociologia econômica; se no campo, pode-se denominar sociologia rural; quando urbana, sociologia urbana; no curso de direito, sociologia jurídica e assim por diante.


E a Sociologia no Brasil?

No Brasil, a sociologia aparece introduzida no sistema escolar, nos currículos dos cursos secundários entre 1925 e 1928 sobre orientação positivista buscando realizar análises objetivas da realidade para então compreendê-la.
Houve tentativas de inserção da sociologia em décadas anteriores, mas somente na década de 1920 é que a mesma adentrou o sistema educacional e, na década de 1930, adentra o ensino superior. Para melhor compreender a Sociologia no Brasil, orientamos conhecer as produções científicas de Fernando Azevedo (1894-1974), Antonio Candido de Mello e Souza (1918-) e Florestan Fernandes (1920-1995).


Referências Bibliográficas

CHAVES, Lázaro Curvêlo. O surgimento da sociologia e o socialismo. Disponível em: <http://www.culturabrasil.org/oquee.htm>. Extraído em 01 mar 2007.

COSTA, Cristina. Sociologia – Introdução à ciência da sociedade. 2ª ed., São Paulo: Moderna, 1997.

LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral. 4ª ed., São Paulo: Atlas, 1982.

MARX, K. O capital: crítica da economia política. BARBOSA, R.; KOTHE, F,R. (Tradutores). 3ª ed., São Paulo: Nova Cultural, 1988 – Os economistas.

MEGALE, Januário Francisco. Introdução às ciências sociais – roteiro de estudos. São Paulo: Atlas, 1989.

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. 24ª ed., São Paulo: Ática, 2002.

TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia da educação. São Paulo: Atual, 1997.

WIKIPÉDIA. Sociologia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia>. Extraído em 28 fev 2007.

 

7 comentários:

  1. Quanto ainda teremos de esperar para ver a Sociologia implantada no Curriculo mínimo das escolas de 2o grau?

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  2. otimo texto indicando influencia

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  3. Anônimo3/5/10 13:23

    Bom, esta otimo mais eu acho que deveria fazer um resumo porque e muita coisa ,

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  4. muy bien excelente brasil

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  5. foi de grande proveito ;)

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  6. Parabéns, é um texto rico, que explica com clareza a importância da insersão da sociologia nas disciplinas.

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