11 outubro, 2007

Surgimento e importância da sociologia em diferentes disciplinas

 

SURGIMENTO E IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA EM DIFERENTES DISCIPLINAS


Elias Canuto Brandão
Doutor em Sociologia. Docente no Colegiado de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR – Campus Paranavaí)
E-mail: eliasbrandao.unespar@gmail.com.br ou canutobrandao@hotmail.com

Introdução

Diariamente estamos envolvidos social e politicamente com nossos pares e concorrentes em pequenos ou grandes grupos, interagindo-nos socialmente e disputando espaços político, cultural e econômico na sociedade.
Como a interação social não escolhe dia, local, universidade, formação, curso, disciplina ou grupo social, ocorrendo na família, clube, universidade, trabalho, ônibus e sala de aula, é indicativo que nos aprofundemos no estudo da ciência sociologia, visando compreendermos o todo da sociedade e suas formas de organização e disputas pelo controle dos espaços e dos poderes.
Desta forma, a sociologia tem por objeto estudar as interações e relações sociais em e nos grupos e tudo que neles ocorrem e decorrem socialmente (maneiras de pensar, sentir e agir), formas de controle e de disputas, o que direta e indiretamente influencia no comportamento e na estrutura social do grupo, da sociedade e dos poderes.
Independente dos cursos de graduação (administração, contabilidade, economia, enfermagem, educação física, direito, pedagogia, matemática, letras...), não há justificativas que sustentem questionamentos sobre a não importância do estudo da sociologia, considerando que, primeiro, vivemos em sociedade e em grupo social, interagindo-nos uns com os outros, o que por si, justifica o estudo da sociologia. Não nascemos isolados e vivemos em comunidade. Ao adentrarmos o mundo do trabalho, temos que nos adaptar a uma realidade nova e trabalharmos em equipe, onde as disputas podem ser acirradas, honestas e desonestas. Enfim, a sociologia na formação do estudante ou pesquisador acadêmico objetiva possibilitar que o mesmo tenha um conhecimento sustentável sobre a sociedade que ele está inserido, contribuindo com os mais diferentes debates sociais e políticos por meio da pesquisa bibliográfica e de campo. Destacamos que, independente do curso de cada acadêmico, em princípio todos são pesquisadores.
Social e profissionalmente estamos em contato com pessoas na empresa, sala de aula ou em um consultório. Sempre estamos nos socializando, interagindo com pessoas, influenciando ou sendo influenciado por elas e ou pelo grupo social do qual fazemos parte: clube, igreja, associação, universidade, sindicato...

Antes do surgimento do termo sociologia

Na antiguidade ou no presente, nenhum tipo de animal viveu só. Os agrupamentos sociais marcaram e marcam o convívio social, seja por questões de convívio e instinto, seja por questões de defesa pessoal e do grupo. Assim surgiram os governos no Egito, Mesopotâmia, Roma ou Brasil, no Oriente e no Ocidente. O marcante é a vivência grupal, socializando-se. Destacamos que os animais racionais (os homens) avançaram neste processo e desenvolveram habilidades que outros animais (os irracionais) não desenvolveram e continuaram a viver como se na pré-história.
A evolução do animal racional foi tamanha que na contemporaneidade tem sido capaz de sua autodestruição por meio do desenvolvimento da ciência e da tecnologia contra si e seus pares, por meio de bombas como atômica e das guerras. Por outro lado, esta evolução foi resultado do desenvolvimento da escrita e da fala na antiguidade, contribuindo para o surgimento de várias áreas das ciências e da comunicação dos componentes dos grupos.
Destaque-se que a comunicação – por meio da fala – entre os animais racionais ocorre há séculos – milhares, milhões ou bilhões de anos – e, mesmo que a fala não tivesse existido, estariam os animais, talvez irracionais, vivendo em grupo, pois a vida em grupo faz parte dos animais, independente de sua categoria por espécie. Diferente da fala praticada entre os animais racionais, a escrita não passava de rabiscos ou desenhos soltos que se evoluiu aos poucos, por séculos. A fala tem sido reconhecida como a primeira grande revolução da história? Sem a Revolução “Fala”, os animais racionais (categorizados como seres humanos) teriam tido dificuldades de comunicação entre eles e entre outros diferentes grupos sociais.
Por que não reconhecer também que a segunda grande revolução da história foi o desenvolvimento da escrita e de sua interpretação, a leitura? A Revolução da Escrita e da Leitura também foi resultado de um processo histórico lento e gradual, que perpassou milhares ou milhões de anos e que só foi datado pelos historiadores e cientistas há aproximadamente cinco mil anos a.C.
A Revolução da Escrita e Leitura foi resultado de brincadeiras, erros e acertos na interpretação de sinais e rabiscos entre crianças, jovens e adultos, homens e mulheres da antiguidade.
As revoluções da fala, escrita e leitura não significaram o início da vida em sociedade, mas o aperfeiçoamento e desenvolvimento da vida em sociedade, resultando na organização das cidades-estados e no aperfeiçoamento das técnicas e da ciência que continua em desenvolvimento.
Por que não reconhecer que as revoluções da fala e da escrita possibilitaram a revolução do conhecimento e que foram mais importantes que as revoluções Francesa e a Industrial? Foram elas, enquanto revoluções ainda na antiguidade que possibilitaram os diferentes grupos sociais antigos a se comunicarem e a desenvolver rápidas habilidades e criatividades a partir de 5.000 a.C., resultando no desenvolvimento da ciência e tecnologia contemporânea, assim como na concretização de centenas de guerras civis e militares, com armas bélicas e atômicas, locais, regionais e mundiais.
Sem a Revolução da Escrita talvez não soubéssemos das experiências políticas dos impérios do Egito, Mesopotâmia, Grécia e Roma. Não soubéssemos das formas de organização das religiões e culturas antigas e medievais. Não tivéssemos tido o mundo feudal e o Renascimento das idéias, nem vivenciado a ambição de Hitler em dominar o mundo através da Alemanha e não estaríamos presenciando o Império Americano intervindo político e militarmente em todos os espaços da terra, apesar da ascensão economia da China e da organização dos grupos das intituladas potências dos oito países mais ricos da terra ou vinte países com potencial visibilidade econômica, assim como blocos econômicos organizados nas diferentes partes dos continentes como a UNIÃO EUROPÉIA; NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio); MERCOSUL (Mercado Comum do Sul); PACTO ANDINO; APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico); ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático); SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral); MCCA (Mercado Comum Centro-Americano) ou Aliança do Pacífico (bloco econômico latino-americano).
Sem a Revolução da Escrita, o que seria da documentação histórica sobre a divisão da terra em mundo ocidental e oriental, norte e sul, países pobres e ricos economicamente, primeiro, segundo e terceiro mundo, globalização e internacionalização, liberalismo e neoliberalismo, positivismo ou marxismo, sistema capitalista, socialista ou comunista?
Sem as primeiras revoluções, poderíamos estar no mundo antigo, sem ciência e tecnologia, talvez andando eretos. E o que teria sido do controle ideológico da Igreja medieval, da existência das cruzadas para o Oriente, da inquisição sobre os pensadores e da usura, das grandes navegações e invasões de continentes por portugueses, espanhóis, holandeses e ingleses, na América ou na África?
Sem a Revolução da Escrita, o desenvolvimento tal qual vivenciamos poderia ser totalmente diferente e nem diria atrasado, mas noutra dimensão aos olhos da formação ideológica ocidental. Estaríamos ainda nos comunicando primitivamente? Quem sabe. Possivelmente sem preocupação com o acúmulo de capital, bens e poder. Também talvez não tivéssemos tido desmatamento em todos os continentes e os nativos (intitulados de índios pelos invasores portugueses) não teriam sido dizimados no Brasil, assim como os negros não teriam sido capturados na África e escravizados no Brasil. Talvez não tivéssemos energia elétrica, revolução industrial ou francesa, aviões e chegada do homem à lua, primeira e segunda guerra mundial, nem mesmo a guerra nas estrelas e a água não seria potável e sim, natural.
Considerando que o homem vive em sociedade, ao se desenvolver potencializa-se para avanços e autodestruição. Assim é a história das sociedades. Os homens vivenciaram experiências antigas e medievais, orientais e ocidentais e, o renascimento das idéias de pensadores como Maquiavel, Tomás Morus, Tomaso Campanella, Francis Bacon, Tomas Hobbes, entre outros no mundo ocidental contribuíram com o aniquilamento do sistema feudal – as monarquias –, adubando o avanço do sistema capitalista que se concretizou pela Revolução Francesa e Industrial. Devido a rapidez das invenções tecnológicas e a globalização, o futuro das sociedades é uma incógnita.


Renascimento

Diferente da Idade Antiga e Média, neste período surgem autores mais realistas sobre os fenômenos sociais, contribuindo com mudanças que só foram sentidas séculos mais tarde. Entre os autores, destacamos Maquiavel, Tomás Morus, Tomaso Campanella, Francis Bacon e Tomas Hobbes.
·         Nicolau Maquiavel (1469-1527), historiador e poeta, na obra "O príncipe" – um dos livros políticos mais completos –, contribuiu na construção do conceito de Estado atual.  O livro sugere, entre outras, a famosa expressão os fins justificam os meios, defendendo a centralização do poder político e não propriamente o absolutismo;
·         Tomás Morus (1478-1535), diplomata, escritor e advogado, escreveu entre outras, a obra "Utopia". Embora utopia signifique lugar nenhum, para Morus é uma concepção teórica de um estado perfeito, de plenas liberdades, sobretudo religiosa, em contraposição à sociedade inglesa com problemas estruturais e conjunturais;
·         Tomaso Campanella (1568-1639) filósofo, poeta e teólogo dominicano, escreveu várias obras, entre elas destaca-se a "Cidade do sol" – no mesmo plano de Utopia. Cidade ideal, perfeita;
·         Francis Bacon (1561-1626), político e filósofo, escreveu a obra "Nova Atlântida", que trata de uma experiência em uma ilha por veleiros que iam para China e Japão e que corriam risco no mar, mostra a natureza como uma forma de viver frente o avanço industrial;
·         Tomás Hobbes (1588-1679), matemático, teórico político e filósofo, em a obra "O Leviatã", coloca sua visão de natureza humana, dizendo da necessidade de se ter governos e sociedades.
Os renascentistas, descordando do modelo de sociedade que vivenciavam, propunham e visualizavam uma sociedade sem problemas e utópica, semelhante ao que contemporaneamente defendemos como democrática e democrática participativa. Séculos à frente não estaremos sendo analisados como utópicos?


No Século XVIII

Novos pensadores analisam a sociedade de forma mais realista, sem, no entanto, apresentarem a necessidade de uma ciência específica que analisasse a sociedade da época. Entre os pensadores, destacamos:
Giambattista Vico (1668-1744), com "A nova ciência" defende a teoria de que “a sociedade se subordina a leis definidas, que podem ser descobertas pelo estudo e pela observação objetiva”. Diz: “O mundo social é obra do homem”.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), afirma entre outras teorias em "O contrato social" que “[...] o homem nasce puro e a sociedade é que o corrompe”.

Século XIX e os precursores e clássicos da sociologia

Com o avanço da organização da burguesia e do capitalismo que dividia a sociedade entre classes sociais distintas (proprietários dos meios de produção e proletários), surgem pensadores como Henri de Saint-Simon, Joseph Proudhon e Auguste Comte que questionam a sociedade da época, tornando-se os precursores da sociologia.
Auguste Comte, por exemplo. É considerado o pai do termo sociologia por ter usado, em 1839, no Curso de Filosofia Positiva, a palavra sociologia. Naquele momento, diante dos problemas sociais, a sociologia – enquanto possível ciência – surge como resposta acadêmica aos desafios postos e aparentemente difíceis de serem explicados e resolvidos.
Também são considerados precursores Herbert Spencer e Gabriel Tarde. Destacamos, no entanto, como clássicos da sociologia, os pensadores Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Sobre estes três vale um estudo e pesquisa sobre cada um deles. Apenas adiantamos que:
  • Émile Durkheim (1858-1917) foi filósofo. Divulgou a sociologia enquanto ciência e realizou estudos dos fatos sociais: modo de vestir, língua, religião, sistema monetário, leis.
  • Max Weber (1864-1920) foi intelectual, jurista e economista. Investiu nos estudos para compreender as ações sociais na sociedade.
  • Karl Marx (1818-1883) é considerado um intelectual e revolucionário alemão. Na prática foi um teórico social, investigando e descrevendo sobre as questões sociais, políticas e econômicas observadas durante a formação do sistema capitalista.
Com os precursores e os clássicos, as investigações dos fenômenos sociais ganharam caráter científico e a sociologia, enquanto ciência avançou nas investigações para compreender como a sociedade se organiza e como seus componentes se relacionam e interagem.
Diante do exposto, não há como negar a importância do estudo da sociologia, conhecendo como de fato surgiu e enquanto academia o que pode ser analisado, questionado e discutido seja nas áreas de humanas, biológicas, saúde ou exatas.


A sociologia na formação continuada e na academia

A sociologia contribui com a formação de qualquer ser humano, seja cidadão ou camponês, professor ou pesquisador, possibilitando terem um conhecimento sustentável sobre a sociedade que ele está inserido, contribuindo com os mais diferentes debates sociais e políticos. No caso da academia, por meio da pesquisa bibliográfica e de campo, das discussões e análises, com técnicas e metodologias, possibilitando que o acadêmico, independente da graduação – em princípio – sejam pesquisadores ou pesquisador em potencial, podendo ser cientista.
Entre as ciências, a sociologia perpassa todas as graduações por estudar as relações e as interações sociais, independente da função e responsabilidade das pessoas no grupo e na sociedade.
Estudar a sociologia contribui para compreender a organização e interação da sociedade, assim como as regras por ela impostas e a interligação das pessoas em grupos, associações, movimentos sociais e instituições, de uma rua até as comunidades organizadas mais distantes, inclusive em e entre diferentes países – a globalização e, isto, independe do curso, da ideologia, do grupo social que a pessoa esteja inserida.
Diante do exposto, uma pergunta direta: Como surgiu a sociologia? Surge no séc. XIX visando compreender o que estava acontecendo na sociedade da época: revolução industrial, revoltas dos trabalhadores, mulheres, homens e crianças trabalhando muitas vezes alem das forças físicas, apresentando problemas de saúde...
Desta forma, a sociologia faz parte do conjunto das Ciências Sociais e é ela uma Ciência Social. Por que é uma Ciência? Por ser um “conjunto de conhecimentos obtidos através da investigação sistemática, objetiva e empírica” (MEGALE, 1989, p. 41) e, “para se chegar ao status de ciência, o conhecimento deve passar por etapas entre as quais a verificação ou confirmação dos resultados” (p. 42) do que se pesquisa. Para tal, devemos formular o conhecimento do objeto a ser pesquisado. Para a formulação é necessário pesquisas bibliográficas, de campo e leituras a respeito do objeto que almejamos pesquisar. Para Megale, a formulação significa,
[...] vários conhecimentos vinculados entre si, formando uma teoria que constantemente está sendo posta à prova. Segundo, esta teoria ou conjunto de conhecimentos foi gerado por investigação (estudo, pesquisa, busca de dados) sistemática, ou seja, criteriosa, metódica, dentro da lógica ou coerência. Terceiro, a investigação é objetiva, isto é, visa à verdade, retrata fielmente o objeto ou fenômeno estudado, sem opiniões pessoas dos pesquisadores e interferir nos resultados. Quarto, investigação empírica indica que o conhecimento é fruto de experiência, de tentativas de repetir o fenômeno, para se assegurar, com certeza, de seus resultados (Ibdem).

Até enquanto as Ciências Sociais faziam parte de uma única ciência, ou seja, não havia sido dividida entre sociologia, economia, antropologia, política, entre outras, nela se pesquisava e estudava “o comportamento social humano em suas várias formas e organização” (OLIVEIRA, 1997, p. 7). Atualmente, além das que citamos, outras fazem parte das especificidades como a sociologia jurídica, da enfermagem, do esporte, da educação, rural... Alguns pesquisadores ainda colocam a história e a geografia nesta divisão, cada uma delas com uma função específica.
Verifiquemos o objeto de estudo de algumas ciências sociais.
A sociologia é a ciência que estuda as relações e as interações sociais, formas de associação, comportamento e vida social no grupo, estruturas e vida social, a cooperação, competição e conflito na sociedade e ou grupo social. A sociologia é o estudo dos grupos sociais e tudo que nele decorre em função da interação e relações sociais, sobretudo da abordagem dada pelo pesquisador direcionada às sociedades moderna e contemporânea. É como descreveu Cristina Costa (1997, p. 11), “a sociologia é uma ciência que se define não por seu objeto de estudo, mas por sua abordagem, isto é, pela forma como pesquisa, analisa e interpreta os fenômenos sociais”. Quando o estudo estiver voltado às sociedades primitivas, a ciência que dela se preocupa e a Etnologia que, por sinal, é muito próximo da sociologia.
Entre outras conjecturas, sociologia “é o estudo das regras sociais e dos processos que ligam as pessoas em associações, grupo e instituições”, assim como é o estudo dos “fenômenos que ocorrem quando vários indivíduos se encontram em grupos de tamanhos diversos, e interagem no interior desses grupos”. O interesse da sociologia abrange desde o comportamento das pessoas em grupo, enquanto seres sociais em “uma rua até o processo global de socialização (globalização)” (WIKIPEDIA, 2007).
A sociologia é resultado dos acontecimentos sociais e econômicos do mundo moderno: Revolução Industrial e Francesa no século XVIII, problemas de saúde e moradia, revolta dos trabalhadores, confrontos entre trabalhadores e burguesia, exploração dos trabalhadores na Inglaterra, França e Alemanha nos séculos XVIII e XIX, incluso o trabalho de mulheres e crianças em até 20 horas por dia. Marx descreve uma situação observada no início de 1866 que traduz o que ocorria no início da formação do sistema capitalista e que levou ao surgimento da sociologia. Diz ele que,
Durante os últimos 5-6 anos ele [o trabalho] foi sendo aumentado para 14, 18 e 20 horas e quando a afluência de viajantes é particularmente intensa, como no período dos trens de excursões, estendia-se muitas vezes a 40 ou 50 horas sem interrupção. (MARX, 1988, p. 194).

A antropologia objetiva estudar a evolução humana e cultural: tudo o que o homem inventa e usa. Objetos materiais, valores, crenças, símbolos, costumes, comportamento..., ou seja, “pesquisa as semelhanças e as diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos” (OLIVEIRA, 2002, p. 10), como se originou e evoluiu a cultura, da antiguidade à contemporaneidade: religiões, magia, casamento... Assim como as influências dos grupos étnicos em uma sociedade. A diferença entre a Sociologia e Antropologia está nos problemas teóricos investigados e nos métodos de pesquisa utilizados por sociólogos e antropólogos do que com os objetos de estudo em si, pois ambas estudam a vida social em grupo com métodos diferenciados.
A economia ou sociologia econômica estuda a organização de grupos humanos e as relações econômicas voltadas às atividades para a satisfação de necessidades materiais: “produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços” de mercadorias e troca (OLIVEIRA, 2002, p. 10). Para Lakatos, um exemplo do estudo desta ciência são as “conseqüências sociais das greves ou a influência das mesmas na deterioração da moeda”, assim como a “alteração da organização das empresas industriais no sentido da participação dos trabalhadores nos lucros da empresa” (LAKATOS, 1982, p. 28). Para Karl Marx, as pesquisas econômicas geralmente são influenciadas por teorias sociológicas.
A psicologia social estuda o comportamento dos indivíduos na sociedade, assim como as influências dos contatos e valores da sociedade sobre sua personalidade, resultando nas reações coletivas, na interação mútua e recíproca e nas alterações das condutas dos indivíduos do grupo e da sociedade em questão, moldando-os culturalmente sobre determinados temas ou assuntos sociais, políticos, econômicos ou culturais como natalidade, questão racial (LAKATOS, 1982, p. 24), orientação sexual no grupo/sociedade... Ou seja, a preocupação da psicologia é com o indivíduo em si e não com o grupo que ele está inserido. Acrescentemos que a psicologia social “se preocupa também com as motivações exteriores que levam o indivíduo a agir de uma forma ou de outra”, enquanto que “o enfoque da Sociologia é na ação dos grupos, na ação geral” (WIKIPEDIA, 2007).
Não é diferente com a sociologia da enfermagem, sociologia jurídica, do esporte, rural, urbana, industrial e outras.
De forma ampla, as Ciências Sociais visam pesquisar o comportamento social humano e suas várias formas de organização e, para isto subdivide-se em especialidades visando a investigação científica (trabalho, escola, lazer, cultura...). No nosso caso, interessa-nos o estudo da sociologia e, para cada curso, sua especificidade. O professor que for trabalhar na Educação direcionará a sociologia à Educação; se na economia, a intitulará sociologia econômica; se no campo, pode-se denominar sociologia rural; quando urbana, sociologia urbana; no curso de direito, sociologia jurídica e assim por diante.


E a Sociologia no Brasil?

No Brasil, a sociologia aparece introduzida no sistema escolar, nos currículos dos cursos secundários entre 1925 e 1928 sobre orientação positivista buscando realizar análises objetivas da realidade para então compreendê-la.
Houve tentativas de inserção da sociologia em décadas anteriores, mas somente na década de 1920 é que a mesma adentrou o sistema educacional e, na década de 1930, adentra o ensino superior. Para melhor compreender a Sociologia no Brasil, orientamos conhecer as produções científicas de Fernando Azevedo (1894-1974), Antonio Candido de Mello e Souza (1918-) e Florestan Fernandes (1920-1995).


Referências Bibliográficas

CHAVES, Lázaro Curvêlo. O surgimento da sociologia e o socialismo. Disponível em: <http://www.culturabrasil.org/oquee.htm>. Extraído em 01 mar 2007.

COSTA, Cristina. Sociologia – Introdução à ciência da sociedade. 2ª ed., São Paulo: Moderna, 1997.

LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral. 4ª ed., São Paulo: Atlas, 1982.

MARX, K. O capital: crítica da economia política. BARBOSA, R.; KOTHE, F,R. (Tradutores). 3ª ed., São Paulo: Nova Cultural, 1988 – Os economistas.

MEGALE, Januário Francisco. Introdução às ciências sociais – roteiro de estudos. São Paulo: Atlas, 1989.

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. 24ª ed., São Paulo: Ática, 2002.

TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia da educação. São Paulo: Atual, 1997.

WIKIPÉDIA. Sociologia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia>. Extraído em 28 fev 2007.

 

19 abril, 2007

500 ANOS DE INVASÃO

Gerson de Souza Melo[1]
Cacique Pataxó Hã, Hã, Hã – Estado da Bahia - Brasil

Gravação e transcrição: Elias Canuto Brandão[2]
Foto: Antonio Cruz - ABr


Quero agradecer o CIMI[3] que nos trouxe aqui. Também agradecer o presidente da FUNAI[4] que também deu apoio à gente. Agradecer a todos aqui presentes. Agradecer os deputados presentes.
Eu estou muito alegre com este prêmio. Estou nem podendo falar direito. É porque quando a gente recebe um prêmio desses, a gente se lembra de muitas coisas que já se passou pela vida da gente. Muitas coisas que já passou o nosso povo indígena no Brasil, o que vem passando nós povo Pataxó Hã, Hã, Hã.
Temos a terra que foi demarcada em 1936, Demarcada, comungada e registrada em três cartórios e essa terra foi invadida por coronéis. Foi invadida por fazendeiros e, nessa invasão mataram muito nosso povo Pataxó Hã, Hã, Hã. De lá para cá nós vem sofrendo pela luta para sobreviver e a gente sabe que tem os políticos, alguns políticos que maltrata o nosso povo indígeno, principalmente lá no Sul da Bahia.
O que está acontecendo naquela região, nós agradece muito o nosso senador Antônio Carlos Magalhães, que dá título aos fazendeiros, um título que ele não podia dá, que é uma terra indígena demarcada, registrada e homologada.
O governador Roberto Santo que deu título também da nossa terra para o fazendeiro. Essas pessoas é que ajudam a fazer o conflito na nossa região. Hoje nós temos lá mais de 300 policiais cercando nossa tribo sem nós puder sair para canto nenhum, ameaçado de morte...
Nós, em novembro de 1999, entramos na nossa terra e os policiais em contato com o senhor governador Sérgio Borges, invadiram nossa área e derrubaram e dispararam tiros, mais de 15 tiros e nesses tiros morreu dois policiais da polícia militar. E hoje eles estão jogando para cima de nossa comunidade. Está o presidente da FUNAI aqui presente que ele esteve na região e viu a violência daquela região contra o nosso povo Pataxó Hã, Hã, Hã. E ainda o governador Sérgio Borges não tem vergonha de chegar na televisão e dizer que ele mandou os policiais para lá para dar paz naquela região. A paz que ele está dando naquela região é que na semana passada os policiais dele matou um rapaz e baleou outro. É a paz que ele está dando na região da gente.
Um coronel, Santana, invadiu nossa área acuando nosso povo velho, nossas crianças, invadiram as casas, derrubando portas e fazendo o maior massacre do povo da gente. A gente fica revoltado do governo dizer que está fazendo uma festa do descobrimento do Brasil 500 anos.
Para nós, a nossa terra não foi descoberta. Nossa terra já existia naquele tempo. Para nós foi uma invasão dos portugueses dentro de nossa terra. Agora como é que nós índios vamos festejar 500 anos que eles dizem, 500 anos de descobrimento com o nosso povo indígeno no Brasil, tendo estupro, maltratando o nosso povo indígeno até que depois de demarcar toda a terra indígena, não demarcou, não tirou toda a medida da terra.
Como é que nós índios vamos comemorar 500 anos. O que é que temos a comemorar? Nós não temos nada a comemorar. O que é que o governo (esse povo) está fazendo com a gente?
Nós precisamos viver. Nós somos seres humanos, igualmente a outro qualquer. Nós somos gente. Hoje o nosso povo vive sofrendo. Lá morreu 13 lideranças da gente de 1982 para cá. O Dijalma foi castrado, tirado, cego do olho, foi tirado a unha e a polícia federal foi lá, pegou o rapaz no lugar que mataram. Sabe quem foi que matou e até hoje não teve justiça, 13 liderança.
A única liderança que morreu que as pessoas estão presas (os criminosos) foi o que morreu aqui em Brasília, o nosso parente Gualdino. Porque morreu aqui na Capital Federal. Mas mesmo assim eles tentaram abafar o problema escondendo a gente num porão para a gente não sair e não desviar da coisa que aconteceu. Naquela época o Ministério da Justiça e o presidente da FUNAI é que tinham aí.
O que é que eles vêm fazendo com a gente. Os políticos, o deputado Rolam. Castrando nossas índias; operando para não ter mais filhos, para gastar com nossa nação. E isso, no dizer dele, até hoje não foi tomada providências nenhuma e é deputado federal que faz parte da Comissão de Direitos Humanos. Esse que é o grande massacre que vem acontecendo com o nosso povo indígeno no Brasil.
Eu estou muito alegre de receber o prêmio. Mas por outro lado lembro de tanta coisa que já aconteceu com o povo da gente que também fica vendo nós triste com os massacres que estão acontecendo.
O Brasil tem 500 anos que foi invadido. Mas existe e ta existindo o mesmo. Não mudou nada de 500 anos para cá. Ainda existe índio na escravidão. Existe o negro na escravidão. Existe o pobre na escravidão. Não mudou nada até hoje.
O que é que nós índios, nós negro, o povo pobre, o desempregado, vai ter a comemorar estes 500 anos? O que? Massacre? Morte? A discriminação em cima de nosso povo?
Eu queria que de agora para frente, os políticos, a justiça que escreveu a Lei do país, que eles faça cumprir essa Lei.
Eu vejo o presidente da República, esses dias, falando em democracia. Eu quero saber, minha gente, qual a democracia que tem nesse país. Democracia que tem nesse país é só para rico. O pobre é massacrado. Vive sofrendo. Hoje, quem tem poder é quem tem dinheiro, principalmente lá no sul da Bahia. Lá, quem tem poder é quem tem dinheiro. O povo fala que nós índio somos selvagem. Mais selvagens são esses políticos que tem aí, que vive fazendo de tudo... (aplausos).
A nossa terra tem 18 anos que está registrando no Tribunal. Até hoje não foi decidido nada. Nosso povo está sofrendo lá, passando fome, sem escola, sem assistência médica, sem uma agricultura para sobreviver, sem terra para plantar.
E sendo que nossa terra é de 54.100 (cinqüenta e quatro mil e cem) hectares. Nossa terra só tem 2 mil e poucos hectares em nossa mão. O resto está nas mãos do fazendeiro. Agora, o cachorro do fazendeiro, o gado do fazendeiro, bebe água boa e nós bebemos água que vem de outro canto porque lá na terra que estamos não tem água.
Se nós precisamos plantar, temos que plantar um quadrozinho pequenininho porque não tem terra para plantar. E o fazendeiro lá, é plantando, criando seu gado, fazendo de tudo dentro de nossa terra. Será gente, que nós não temos direito de viver?
Eu queria que vocês político, entidade... Eu queria que vocês ajudassem a gente viver. Porque nós precisamos viver. Nós somos seres humanos igualmente como vocês. Nós não somos bicho como certos políticos, certas autoridades falam aí. Nós somos gente igualmente como outro qualquer. E quem está sofrendo em nosso país, não são sós os Pataxós Hã, Hã, Hã, não. É todo índio no Brasil que está aí sendo massacrado, sendo perseguido. Nós hoje temos um órgão da FUNAI fracassada aí no governo, que hoje não tem recurso para nada. Hoje está uma situação da gente... Eu não sei como é que esse governo diz que quer fazer festa gastando tantos milhões lá em [...], naquela região, sendo que nós somos os primeiros habitantes desta terra tanto sofrendo e eles gastando muitos milhões lá.
Porque não pega este dinheiro e demarca nossa terra, tira os fazendeiros de dentro da terra da gente? (aplausos). Por que não pega este dinheiro e dá emprego para o povo, faz o povo ficar com a barriga cheia?
Não fazer festa aqui do jeito que ele está querendo fazer, gastando dinheiro num dia de festa, sendo que este dinheiro dá para encher a barriga de muita gente.Muito obrigado (aplausos).
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[1] Gerson de Souza Melo, cacique Pataxó Hã, Hã, Hã. Pronunciamento durante Cerimônia em que recebeu o Prêmio Nacional de Direitos Humanos do MNDH (Movimento Nacional de Direitos Humanos – Brasil). Plenário da Câmara dos Deputados em Brasília/DF, manhã do dia 16 de março de 2000, primeiro dia do “XI Encontro Nacional do MNDH, que teve a continuidade em Luziânia/GO.
[2] Elias Canuto Brandão, é professor doutor em Sociologia; conselheiro nacional do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) e coordenador do MNDH no Paraná. Na época do XI Encontro Nacional era mestrando em Educação e membro do CDH-Maringá/PR.
[3] CIMI – Conselho Indigenista Missionário, criado em 23 de abril de 1972.
[4] FUNAI – Fundação Nacional do Índio, órgão do governo brasileiro subordinado ao Ministério da Justiça, criado pela Lei nº 5.371, de 05 de dezembro de 1967.

15 março, 2007

Índio surpreende cúpula Européia

Guaicaípuro Cuatemoc
Madri, Espanha - Maio de 2002

O discurso abaixo foi feito por Guaicaípuro Cuatemoc - cacique de uma nação indígena da América Central - aos principais chefes de Estado da Comunidade Européia, deixando-os perplexos e sem palavras, durante a conferência dos chefes de Estado da União Européia, Mercosul e Caribe, em maio de 2002 em Madri. Foi um discurso histórico que merece ser conhecido por todas as nações.
Eis o discurso:
"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a encontraram só há 500 anos. O irmão europeu de aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento ao meu país-, com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse.
Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento.
Eu também posso reclamar pagamento e juros. Consta no "Arquivo da Companhia das Índias Ocidentais" que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.
Teria sido isso um saque? Não acredito, porque seriapensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento! Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos tirados das Américas!
Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.
Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva. Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALL TESUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, e de outras conquistas da civilização. Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável ou pelo menos produtivo desses fundos? Não.
No aspecto estratégico, dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias formas de extermínio mútuo. No aspecto financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros, quanto independerem das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.
Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar, e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isso, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até30% de juros que os irmãos europeus cobram aos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça.
Sobre esta base, e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300, isso quer dizer um número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra. Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue? Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros, seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.
Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam, índios da América. Porém, exigimos assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica..."
Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Européia, o cacique Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a Verdadeira Dívida Externa.
Agora resta que algum Governo Latino-Americano tenha a dignidade e coragem suficiente para impor seus direitos perante os Tribunais internacionais. Os europeus teriam que pagar por toda a espoliação que aplicaram aos povos que aqui habitavam, e com juros civilizados. Supõe-se que Evo Morales tenha lido esse discurso dias atrás...

11 fevereiro, 2007

Homenagem às professoras do interior

(Autor desconhecido)
Organizador: Pedro Alves Canuto

Não tenho preparo, eu não sou doutor.
Mais toco viola e sou cantador.
Faço meus versos de história e de amor.
Faço homenagem prá quem tem valor.
Aqui nessa moda a homenagem que eu dou.
É bem merecida não é um favor.
Eu sou bem sincero não sou adulador.
É prá as professoras do interior.
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São essas mocinhas que saem de viagem.
Embarcam prá o mato de mala e bagagem.
Deixa a cidade com as suas vantagens.
Prá fazer o que fazem precisam coragem.
Elas enfrentam com fé sem temor,
Sem ter um parente para seu protetor.
Pois suas famílias bem longe ficou.
Mais são protegidas por nosso Senhor.
=====
Que Deus abençoe moças tão preciosas.
Que levam essa vida tão dificultosa.
Eu digo bem alto em verso ou em prosa.
É uma missão muito valiosa.
Ensina as crianças com jeito e amor,
Se é filho de rico também lavrador.
Se alguém nesse mundo merece louvor.
São as professoras do interior.
=====
Eu ponho reparo nessas criaturas.
Por que é que sei que elas aturam.
Elas são moças de almas bem pura.
Cumpre a missão não mostram amargura.
Eu fiz esses versos não fiz por fazer,
Meus filhos pequenos já sabem ler.
Eu fiz esses versos só prá agradecer.
A todas essas moças que cumprem o dever.